As vantagens de não acreditar em deus

religiõesEu não acredito mais em deus. Eu já fui religiosa um dia na minha vida. E muito. Aquelas que julgavam outros que não iam na missa de domingo. E sim, eu era católica. Mas não, eu nunca fui carola do tipo que obedece a todas as regras cegamente, que não questiona, que não quer ver as coisas. Sempre vejo os dois lados da história. Acho que essa minha mania de sempre tentar defender as duas partes, seja lá quais forem os argumentos de uma ou de outra é que me fizeram ser jornalista. Mas, voltando ao assunto….

Deus me decepcionou. Ele agiu errado com a D. Marlene desde o dia de seu nascimento até sua triste morte. E ela nunca fez nada de errado. Nem por um minuto. E isso me fez ver as coisas de um outro jeito. E não venham me dizer que ela teve que sofrer porque serviria como exemplo de fé para os seus porque esse argumento não cola mais.

E era aqui, nos meus pensamentos, que eu queria chegar. Por que é que um ser que eu não tenho nenhuma certeza de que realmente existe é quem decide o que é bom ou ruim pra mim? Por que tudo que acontece de bom na minha vida tem que ser um “milagre” e tudo o que acontece de ruim tem que ser uma “provação” pra “testar a minha fé”? Por que é que eu tenho que obedecer a um monte de regras que ninguém me garante que não foram criadas por algum grupo de aproveitadores ao invés de serem “ditadas” por essa criatura superior ao discípulo, no topo da montanha? Por que a vida fica mais fácil quando você acredita? E o que acontece se você decide que “não acredita”? Quais são as vantagens?

Um monte! E eu só vou mencionar algumas:

  • Você não deixa de fazer nada porque está escrito que é errado;
  • Você não faz algo porque está escrito que é certo. Você faz as coisas que seu coração manda, porque aquilo é bom pra você e pode te fazer bem ou fazer bem a outra pessoa;
  • Você não acredita em vida eterna. Tem consciência de que é aqui e agora que o mundo gira. E isso é difícil, porque não tem mais aquela desculpa de “Estou sofrendo agora porque a recompensa virá na eternidade”. Mas ao mesmo tempo, você sabe que tem que viver a vida de forma muito mais intensa e que o que tiver de ser vai ser aqui e agora;
  • Você não se arrepende. Não tem remorsos. Vive livre e desimpedido, porque sabe que é o único responsável pelo ser você e pela sua vida;
  • Você acredita mais em você mesmo. Como não tem mais ninguém para “responsabilizar” por seus sucessos além de você, você percebe em quê é necessário melhorar e em quê você é realmente bom;
  • Não tem mais dogma. Mistérios inexplicáveis. Perguntas sem respostas. Coisas que “só deus sabe”. Tudo tem uma explicação possível, pela razão ou pela emoção, agora ou aqui há cem anos;
  • Você tem mais paciência consigo e com o mundo. E tem dó das pessoas, mas tem piedade também;

Enfim. Acho que há muitas outras vantagens de não acreditar em um senhor barbudo que manda seus filhos ditarem regras justas e injustas para controlar sua vida, mas essas são algumas delas. Talvez seja um jeito estúpido ou rebelde de ver a vida, mas é um jeito mais livre. Acho que ter sido religiosa por um tempo me ajudou a ver muitas coisas com mais clareza, inclusive a clareza que eu tenho hoje de  que eu não preciso de uma religião nesse momento da minha vida veio daí também. Acho que existe sim alguma coisa que nos move e que fará sentido, mas isso vai acontecendo aos poucos, sem um controle central ou um barbudinho de cabelo branco. Respeito todas as religiões, do jeito que eu sempre respeitei, mas apenas não preciso de mais nenhuma delas, nem a que vivi, nem nenhuma outra que procurei conhecer nesse tempo.