Meus Melhores Discos Nacionais de 2013

Caro um leitor,

Essa provavelmente será a lista mais atrasada de melhores do ano que você já leu (a não ser é claro pela que vou publicar amanhã, com os discos internacionais). De qualquer forma, o atraso tem razões de: tempo, indecisão e caramba, só tem disco bom esse ano. Enfim, os meus melhores seguem um critério muito simples: o que foi que mais me chamou a atenção nesse ano todin de meu deus. Tá aí, divirtam-se!

1.    O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui – Emicida

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Um cara que tem a sensibilidade de cantar histórias como “Crisântemo” e “O sol de giz de cera” certamente merece destaque entre os melhores do ano. Isso porque não dá pra falar do Emicida sem falar da emoção que ele transmite em cada uma das suas músicas e não dá pra lembrar de 2013 na música sem mencionar o trabalho desse cara. Seja falando do amor que tem por sua Vila, seja contando com seu rap a história de um Brasil que a galera insiste em fingir que não existe, Emicida fez O Glorioso Retorno de Quem nunca Esteve Aqui ser uma obra indispensável para entender a música brasileira dos anos 2010 (se é que já dá pra chamar assim). O rap é a base, tem pop, tem rock, tem forró, tem samba, tem música brasileira e tem poesia desde o primeiro verso. Uma poesia original, mas que ao mesmo tempo não é nenhuma novidade: é só um retrato do que ninguém quer ver.

2.    Muito Mais Que o Amor – Vanguart

vanguart-muito-mais-que-o-amor-capaO Vanguart deixou de ser aquela banda triste que você ouve quando está na fossa. O álbum Muito Mais Que o Amor é exatamente essa declaração: a banda encontrou o amor verdadeiro e canta, em cada uma das 11 músicas do trabalho, a beleza desse sentimento. Os destaques do disco são sem dúvida “Meu Sol” e “A Escalada das Montanhas de Mim Mesmo”, muito embora “Estive”, single do lançamento e “Eu Sei Onde Você Está” mereçam destaque entre as 11 canções do trabalho. Ninguém duvida do sucesso do trabalho: um lançamento lindo em vinil, uma festa pra celebrar o lançamento do primeiro clipe (também lindíssimo) e o pop intenso de cada canção que contagia até os roteiristas das novelas da Globo estão aí pra resignificar o Vanguart na sua coleção de discos: agora você vai ter um álbum só das músicas bonitinhas, para ouvir com o par e também para sonhar com esse muito mais que o amor que eles encontraram.

3.    De Lá Até aqui – Móveis Coloniais de Acajú

moveis-coloniais-de-acaju-de-la-ate-aquiQuando o novo do Móveis saiu eu comecei a ouvir sem parar, como já havia feito com os discos anteriores, infelizmente não todos na data de lançamento. A evolução da banda é clara ao comparar com os registros anteriores, o investimento em músicas mais lentas, a poesia mais viva nas letras, a transparência e o gosto de cada um dos membros da banda pelo novo trabalho, que está óbvio no show, no disco e na própria capa em que eles dão a cara a tapa pela primeira vez, tudo isso faz dar gosto de ouvir. De Lá Até Aqui reúne 14 músicas muito boas, com referências aos Beatles (gostei!), ao pop, ao soul e à música brasileira dos anos 70 e 80. Destaque para a já sucesso “Sede de Chuva” e seu clipe encantador, a completamente lado B “Campo de Batalha” e a animada (como nos velhos tempos) “Melodrama”.  Impossível não viciar.

4.    Sacode – Nevilton

nevilton-sacodeAgito. Luz. Cor. E muito rock in roll. Esses são alguns adjetivos que você consegue atribuir ao Sacode, do Nevilton, já na primeira audição. Esse balanço que esse garoto e seus dois companheiros de banda possuem faz com que a gente queira que o disco, terceiro trabalho dos caras, não acabe mais, tamanha é a mistura de referências que ele nos faz rever (só coisa fina, de Caetano a Black Keys, tá tudo ali!) e a vontade que a gente tem que o Brasil inteiro conheça e dê valor a esse trabalho.

Aliás, Sacode é um nome muito bem escolhido: todas as músicas, sejam as mais lentas, como “Crônica” e a fofíssima “Friozinho” ou as mais agitadas como a própria “Sacode” e “Espero Que Esteja Melhor” pedem, clamam, quase que imploram: dance. O trabalho de produção de Miranda, a criatividade de Nevilton e o gostinho de quero mais dão o tom:  sacuda o esqueleto. Se mova. Sacode!

5.    Animal Nacional – Vespas Mandarinas

vespas-mandarinas-capa-animal-nacional-1024x1024Os temas urbanos, as ruas de São Paulo e os corações partidos na metrópole podem ser tidos como alguns dos assuntos que resumem o trabalho do Vespas Mandarinas de 2013. Animal Nacional, que também declara amor e ódio ao Brasil, faz a gente sentir que existe uma conexão entre os nossos computadores nervosos baixando MP3 e a beleza da música dos anos 80 e 90, quando tudo era difícil de achar, mas eram essas mesmas guitarras que moviam nosso mundo.

Pra resumir esse disco dando crédito aos seus principais momentos, a incrível “Distraídos Venceremos” consegue se tornar uma trilha sonora de um jovem paulistano, “Não sei O que Fazer Comigo” (Ya No Sé Que Hacer Conmigo), versão da banda uruguaia El Cuarteto de Nos e a quase homenagem “Santa Sampa” dão o tom de um disco que reúne poesia, lirismo e bastante rock in roll. Tão bom que é pra tudo quanto é tempo que já ganhou até indicação ao Grammy. Força, Vespas!

6.    Gaveta – Phill Veras

Gaveta_Phill-VerasPhill Veras teve grande destaque durante o ano de 2013. O cantor se apresentou no Rock in Rio e foi um dos grandes destaques de vários festivais de música ao redor do Brasil, mas deixou o melhor para o final: escolheu dezembro pra tirar da Gaveta as canções que formam seu primeiro álbum. A escolha não podia ser mais adequada. Apesar determos algumas velhas conhecidas no trabalho, como “A Estrada” e “O Velho John Dizia”, saídas dos EPs Valsa e Vapor e A Estrada, Phill mostra todo seu valor em “Faz”, “O Piano” e “Cambota”, entre outras, que merecem um lugar de destaque entre os melhores (e mais fofos) discos que 2013 poderia produzir.

7.    Mustache e os Apaches – Mustache e os Apaches

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Eles são uma banda de rua e estão lançando seu primeiro disco de estúdio. E aí, como faz para deixar as músicas que são tocadas no meio do trânsito de São Paulo fazerem sentido dentro de uma sequência e soarem bem num disco? Os caras do Mustache & os Apaches não só conseguiram o feito, como mostraram o que toda a experiência das calçadas paulistas ou não pode fazer com uma banda.

O jogo de vozes que a banda faz e as experimentações instrumentais (o som daquele washboard sempre vai fazer você reconhecê-los) têm destaque em “O Gato”, (porque nada melhor para uma banda de rua do que contar a história de um gato de rua, não é mesmo?), “O Gigolo”, freneticamente dançante, de um jeito que só seria melhor se você estivesse num bailinho dos anos 70, e é claro, na inexplicável “Twang”, single absoluto, que ganhou um dos melhores clipes de 2013. Difícil, difícil mesmo, não viciar.

8.    Sábado – Cícero

cicero-sabadoUm lançamento muito esperado pode trazer muita alegria e muita decepção. Cícero pode ter decepcionado muita gente que queria que ele repetisse a formula de Canções de Apartamento, mas fez um ótimo trabalho com Sábado. A excêntrica mistura de alegria e de melancolia que o cantor conseguiu fazer em Canções ainda está lá, mas de alguma forma diferentes. Sábado tem canções memoráveis como “Porta, Retrato”, lançada antes do disco e ainda “Sem Nome” no canal do moço no Youtube e momentos em que há dúvidas sobre o garoto do “Apartamento” como “Duas Quadras”. Mas ele aparece nessa lista de qualquer forma por “Fuga No. 4”, “Capim-Limão”, “Pra Animar o Bar” e sem dúvida, pela atitude de ser o que ele queria ser e de se mostrar todo novo para um público que queria mais do mesmo.

9.   O Curioso Caso da Orquestra Invisível – Camarones Orquestra Guitarristica

camarones-orquestra-guitarristica-o-curioso-caso-da-musica-invisivelFaz tempo que o rock nacional instrumental tem nos mandado mostras de que ele é possível, de que faz bem, de que vale a pena. O Camarones Orquestra Guitarrística mostrou, mais uma vez, que isso é possível. O Curioso Caso da Música Invisível, terceiro trabalho da banda potiguar, é uma festa de ritmos e harmonias que fazem a gente pensar, dançar e até querer cantar o som das guitarras dos caras. Destaque para a incrível “Pigmalião”, para “Tony Silverado” e “Corra Bátima”, músicas entre várias outras que te fazem concluir que a banda tem um poder hoje cada vez mais difícil de se alcançar:  fazer você parar para ouvir um disco, do começo ao fim, sem pular de música e se sem conformar com o MP3 de uma ou outra faixa.

10.Monomania – Clarice Falcão

Clarice-Falcão-MonomaniaO disco de estreia da cantora e humorista Clarice Falcão é um poço de fofurices, que chega até a ser exagerado. A engraçadinha “Oitavo Andar”, que lançou a moça para o mundo diretamente do canal da Porta dos Fundos não é nem de longe o ponto alto do trabalho de 14 faixas da que se revelou uma cantora muito séria. O toque irônico de “Eu Esqueci de Você”, o desespero de “Qualquer Negócio” e até a piada pronta de uma história de amor sem muita memória em “Eu Me Lembro” (com o genial Silva) são os grandes momentos de Clarice, que mostrou que pode um grande nome da nossa música folk / MPB mesmo tendo “O Que Eu Bebi”, “A Gente Voltou” e “Macaé” no currículo (e no disco). E não, essas não são ruins. O problema é que ela é muito melhor que isso.

Ah, se você quiser, dá pra ler uma lista com muito mais qualidade editorial que essa. A do Tenho Mais Discos Que Amigos, feita por toda a nossa equipe linda e maravilhosa, está mega completa e espera por você nesse link aí de cima! =)